Natural de Azinhaga do Ribatejo, José de Sousa Saramago estreia-se com o romance inicialmente intitulado A viúva, mas que, por conveniências editoriais, viria a sair com o nome de Terra do pecado, em 1947; a obra que não atingiu tão grande notoriedade, dado possivelmente ao seu estilo ainda incipiente.
Logo em seguida, se for desconsiderado o projeto de romance Claraboia, que só ganhou existência pública como obra post mortem, observa-se um atípico lapso temporal que dura trinta anos, em que José Saramago trabalha em editoras, escreve para jornais, faz traduções, compõe poesia, mas, principalmente, matura no silêncio o seu estilo. Finalmente, em 1977, Saramago volta a publicar um romance: Manual de pintura e caligrafia.
Em 1976, um período de estudo, observação e registo de informações em Lavre, no Alentejo, resulta no romance Levantado do chão, em que Saramago inaugura o seu estilo como ficcionista. Da escrita à publicação, em 1980, o escritor produz também a coletânea de contos Objecto quase, em 1978, e a peça de teatro A noite, em 1979.
Na década de 80, além das peças teatrais Que farei com este livro?, 1980, e A segunda vida de Francisco de Assis, 1987, observa-se um período de dedicação profunda ao romance: Memorial do Convento, 1982, O ano da morte de Ricardo Reis, 1984, A jangada de pedra, 1986, História do cerco de Lisboa, 1989.
Em 1991, o romancista publica o polémico romance O evangelho segundo Jesus Cristo, que, por ter sido considerado ofensivo pelos católicos, chega a ser alvo de censura pelo governo português que veta a sua apresentação a um prémio literário europeu. Por esta razão, em 1993, Saramago muda-se para a ilha de Lanzarote, no arquipélago de Canárias.
Neste ano, publica a peça In nomine Dei, ainda escrita em Lisboa, de que seria extraído o libreto da ópera Divara, com música do compositor italiano Azio Corghi, estreada em Münster (Alemanha), em 1993. Tal colaboração estende-se à música da ópera Blimunda, sobre o romance Memorial do Convento, estreada em Milão (Itália), em 1990. Ainda neste período, Saramago inicia a escrita de diários reunidos nos Cadernos de Lanzarote.
Em 1995, publica o romance Ensaio sobre a cegueira e, em 1997, Todos os nomes e O conto da ilha Desconhecida. Em 1995, recebe o Prémio Camões e em 1998 o Prémio Nobel de Literatura. Como consequência, foi convidado como conferencista nos cinco continentes, recebendo graus académicos honoris causa, participando em reuniões e congressos, tanto de carácter literário como social e político. Dedicou-se, ainda, a criar a Fundação José Saramago.
Além disso, Saramago continuou na sua atividade de ficcionista e dramaturgo, tendo publicado A caverna (2000), A maior flor do mundo (2001), O homem duplicado (2002), Ensaio sobre a lucidez (2004), Don Giovanni ou o dissoluto absolvido (2005), As intermitências da morte (2005), As pequenas memórias (2006), A viagem do elefante (2008), Caim (2009).
Postumamente, foram publicados Claraboia (concluído em 1953 e publicado em 2011), Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas (2014), romance incompleto que José Saramago estava a escrever em 2010, e Último caderno de Lanzarote (2008), apresentado por ocasião de Congresso Internacional “José Saramago: 20 Anos com o Prémio Nobel”.
Personagens no Dicionário:
Baltasar Sete-Sóis (Memorial do Convento)
Blimunda Sete-Luas (Memorial do Convento)
Cão das Lágrimas (Ensaio sobre a cegueira e Ensaio sobra a lucidez)
Lídia (O ano da morte de Ricardo Reis)
Marcenda (O ano da morte de Ricardo Reis)
Morte (As intermitências da Morte)
Mulher do Médico (Ensaio sobre a cegueira e Ensaio sobra a lucidez)
Ricardo Reis (O ano da morte de Ricardo Reis)
Sr. José (Todos os nomes)
Tertuliano Máximo Afonso (O homem duplicado)
Renan Marques Liparotti