Carlos Alberto Serra de Oliveira nasceu em Belém (Pará, Brasil), a 10 de agosto de 1921 e faleceu em Lisboa, a 1 de julho de 1981.
Tendo vindo para Portugal muito jovem, com dois anos apenas, fixou-se com a família no concelho de Cantanhede (Febres), localizado na região geoeconómica da Gândara, a mesma onde se situará a ação de quase todos os seus romances. Estudou Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, numa época (início dos anos 40 do século XX) em que era muito forte a dinâmica de renovação literária subsequente ao modernismo português: viviam-se então os últimos anos da revista Presença, editada em Coimbra desde 1927, em que pontificava a figura de José Régio, e os inícios do movimento neorrealista; as revistas Seara Nova e Vértice acolheram, com várias outras, a produção doutrinária, crítica e literária de Carlos de Oliveira e dos seus companheiros de geração (entre outros, Fernando Namora, Joaquim Namorado, João José Cochofel, Mário Dionísio e Eduardo Lourenço).
Foi nessa atmosfera cultural que Carlos de Oliveira publicou, na coleção Novo cancioneiro, o volume de versos Turismo (1942), que depois seria objeto de substancial revisão, como, de resto, aconteceu com praticamente todos os seus textos ficcionais e poéticos. Essas revisões revelam, quase sempre, uma elaborada depuração da escrita literária, em deriva para além do enquadramento programático do neorrealismo.
Em 1943 inicia-se a publicação da obra ficcional de Carlos de Oliveira: Casa na duna (1943), Alcateia (1944), Pequenos burgueses (1948), Uma abelha na chuva (1953) e Finisterra: paisagem e povoamento (1978), este último um texto muito denso, em que as categorias convencionais da narrativa e a paisagem gandaresa surgem diluídas numa escrita com forte carga poética, alegórica e simbólica. Também por isso, Finisterra foi visto como definitivo encerramento da ligação já ténue de Carlos de Oliveira ao neorrealismo; esse progressivo afastamento era já visível no adensamento psicológico das versões revistas de Pequenos burgueses e de Uma abelha na chuva (p. ex., nas personagens Maria dos Prazeres e Álvaro Silvestre), bem como na superação de um certo esquematismo social que caracterizava o romance neorrealista ortodoxo.
No plano da criação poética, Carlos de Oliveira é autor de uma das mais significativas produções da história literária portuguesa do século XX. Designadamente e para além do já mencionado Turismo: Mãe pobre (1945), Colheita perdida (1948), Descida aos infernos (1949), Terra de harmonia (1950), Cantata (1960), Micropaisagem (1968), Sobre o lado esquerdo (1968), Entre duas memórias (1971) e Pastoral (1977). Em 1962 surge uma primeira reunião da poesia oliveiriana (Poesias. 1945-1960); mais tarde, em Trabalho poético (1976), Oliveira procede à escolha final e à revisão definitiva da sua poesia até então publicada. Em O aprendiz de feiticeiro (1971, com fotografias de Augusto Cabrita) estão agrupadas várias crónicas do escritor.
Em 1992, a editora Caminho publicou, em um único volume, o conjunto da obra literária de Carlos de Oliveira. Desde 2012, o seu espólio literário encontra-se no Museu do Neorrealismo (Vila Franca de Xira).
Personagens no Dicionário:
Álvaro Silvestre (Uma abelha na chuva)
Cillinha (Pequenos burgueses)
D. Álvaro (Pequenos burgueses)
Dr. Neto (Uma abelha na chuva)
Homem/Criança (Finisterra. Paisagem e povoamento)
Major (Pequenos burgueses)
Maria dos Prazeres (Uma abelha na chuva)
Mariano Paulo (Casa na duna)
Mulher (Finisterra. Paisagem e povoamento)
Peregrinos (Finisterra. Paisagem e povoamento)