• Precisa de ajuda para encontrar algum conteúdo?

C > CARVALHO, Mário de

marcarv.jpg

Mário de Carvalho - (1944-...)

Mário Costa Martins de Carvalho nasceu em Lisboa, em 25 de setembro de 1944. O autor, apesar de nascido em Lisboa, guarda memórias fortes do Alentejo da infância, região que serve de pano de fundo a algumas de suas histórias.

O menino que aprendeu a ler aos cinco anos, ensinado pela mãe, licenciou-se pela Faculdade de Direito de Lisboa e como estudante acompanhou de perto a movimentação académica, participando de forma ativa em vários movimentos estudantis. Durante o serviço militar, Carvalho foi preso pela polícia política e sujeito a onze dias de privação de sono. Ao sair em liberdade, em 1973, necessitou exilar-se por ter sido condenado a cadeia, já que desde muito cedo esteve ligado aos meios de resistência contra a ditadura salazarista, sofrendo repressões ainda na adolescência, como relata em autobiografia publicada no Jornal de Letras, Artes e Ideias (2004). Foi advogado e professor, mas nunca abandonou a escrita, recebendo vários prêmios literários ao longo da carreira.

A sociedade portuguesa da década de oitenta seria, então, representada por Mário de Carvalho, um crítico da história de seu tempo, que, em seu primeiro livro Contos da Sétima Esfera (1981), causaria surpresa pelo inesperado de sua abordagem ficcional, confrontando os percursos realistas e, ainda, reformistas de sua época, ao propor transbordamentos em seus mundos da sétima esfera. Publicou um ano depois Casos do Beco das Sardinheiras e, na sequência seu romance de estreia, O Livro Grande de Tebas, Navio e Mariana. Desde então, nunca mais parou: na sequência publicou três livros de contos: A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho (1983), Fabulário (1984) e Contos Soltos (1986), voltando ao romance com A Paixão do Conde de Fróis (1986).

Em sua vida literária, Carvalho produziu muito e de maneira diversificada, caminhando pelo teatro, romance, novela, crónica e conto. Em 1994, o escritor publica seu romance mais premiado, Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde. Em 2014, aventura-se pelos percursos da reflexão sobre a escrita, tensionando a constante (re)fabricação do ser autor, em Quem disser o contrário é porque tem razão. Em linhas gerais, apesar de não vinculado a movimentos definidos, conforme observa Carlos Reis (2004) e como o próprio escritor reconhece (Biblioteca Nacional de Portugal, 2010: s.n.), sua ficção é marcada por um “impulso de desconstrução de mitos e valores adquiridos” (Reis, 2004: 30). O mais recente livro do escritor é Burgueses somos nós todos ou ainda menos, lançado em 2018.

 

Referências:

BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL (2010). Encontro... com Mário de Carvalho. In: Programa Encontro com..., Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa. Disponível aqui, acesso em: 10 mai. 2016.

REIS, Carlos (2004). “A ficção portuguesa entre a Revolução e o fim do século”. In: SCRIPTA, Belo Horizonte, v. 8, n. 15, p. 15-45, 2º sem. 2004. Disponível aqui, acesso em: 8 jun. 2018.

 

Personagens no Dicionário:

Conde de Fróis (A paixão do conde de Fróis)

Coronel Bernardes (Fantasia para dois coronéis e uma piscina)

Coronel Lencastre (Fantasia para dois coronéis e uma piscina)

Eduarda Galvão (Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto)

Joel Strosse (Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto)

Jorge Matos (Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto)

Zé Metade (Casos do Beco das Sardinheiras)

 

Luciana Silva