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Q > QUEIRÓS, Teixeira de

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Autor: Columbano

Teixeira de Queirós - (1848-1919)

Nascido em Arcos de Valdevez, Francisco Teixeira de Queirós estudou em Braga e formou-se na Universidade de Coimbra em Medicina, que pouco tempo exerceu, tendo-se dedicado à escrita e a cargos de direção de várias empresas. Durante a sua carreira política ocupou os cargos de vereador da Câmara Municipal de Lisboa, de deputado do Partido Republicano por Santiago do Cacém (1893) e, depois da implantação da República, em 1911, deputado pelo círculo de Aldeia Galega (atual Montijo) na Assembleia Nacional Constituinte; em 1915 fez parte do Governo, enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Membro efetivo da Academia das Ciências, Teixeira de Queirós colaborou regularmente em revistas – O Ocidente, Revista de Portugal, Revista Literária, Branco e Negro, Renascença, Serões, Brasil-Portugal, Arte e Vida, Ilustração, Alma Nacional, Atlântida – e em jornais – A Vanguarda e A Luta (Lisboa) e O País (Rio de Janeiro). Foi um dos fundadores de O Século (1880).

Em Coimbra acamaradou com o grupo de intelectuais encabeçado pelo poeta João Penha, com Gonçalves Crespo e com José Freire de Serpa, fundador da Crónica Literária.

Tendo-se estreado no Diário Ilustrado com «O tio Agrela», o conto foi muito admirado por Camilo Castelo Branco que o incentivou a prosseguir na escrita. O autor de Amor de Perdição foi uma das suas influências literárias, bem como Júlio Dinis e Eça de Queirós. Foi, porém, inspirado pelo realismo de Balzac e pela sua «Comédie humaine» que Teixeira de Queirós encontrou inspiração para dividir a sua obra em duas coleções de contos, romances e teatro onde, tal como na série balzaquiana (e também em Les Rougon-Macquart de Zola), as suas personagens se cruzam em diferentes narrativas. É o que acontece com “o famoso” Galrão. Teixeira de Queirós afirma a ascendência de Balzac sobre a sua escrita no prefácio a Os meus primeiros contos: “(…) na leitura de Balzac encontrei o que eu já pensava nebulosamente; e, a mais, o seu interessante artifício, que me prendeu, qual é o formar com as personagens que pudesse encontrar no meu estudo, uma sociedade que fosse um resumo do grande todo, que tinha em frente de mim.”

A infância passada no Minho rural marcou-o para sempre, tendo descrito as paisagens e gentes daquela região nos contos e romances a que deu o título conjunto “Comédia do Campo – cenas do Minho”: Cenas do Minho (contos; 1876), Amor divino – estudo patológico duma santa (romance; 1877), António Fogueira (contos; 1882), Novos contos (1887), Amores, amores… - psicose do amor (romance; 1897), A nossa gente (contos; 1900), A cantadeira (1913) e Ao sol e à chuva (1916).

A segunda série da sua ficção intitula-se «Comédia burguesa» e tem como cenário Lisboa e a sociedade da capital. Dela fazem parte os romances Os noivos (1879), O Salústio Nogueira – estudo de política contemporânea (1883), D. Agostinho (1894), Morte de D. Agostinho (1898), A caridade em Lisboa (1901), Cartas de amor (1906) e A grande quimera (1919), e uma peça de teatro, O grande Homem (1881).

O Naturalismo emergente no início da sua carreira literária determinou a escolha de explicações científicas para a caracterização das suas personagens, sem que o autor tenha incorrido em certa rigidez de escola praticada por outros escritores seus contemporâneos. Assim, em Amor divino, Rosária é elevada pelo povo à categoria de santa devido à ínfima necessidade de nutrição que mostrava; em Os noivos, explora a temática do adultério feminino, influenciado pela fraqueza moral, tema que repetirá em Cartas de amor, apresentando outro pretexto para a infidelidade – a imaturidade da esposa. Focado na vida política portuguesa, temática que ressurge em O grande Homem, o romance protagonizado por Salústio Nogueira conta a história de um arrivista provinciano que atinge os seus intentos de ascensão por meio de esquemas que lhe garantem destaque social e uma pasta de ministro.

Teixeira de Queirós deixou as suas ideias literárias explanadas no volume As minhas opiniões – estudos psicológicos e sociais (1896) e nos prefácios aos seus livros.

 

Personagens no Dicionário:

Rosária (Amor divino)

Salústio Nogueira (O Salústio Nogueira)

 

Irene Fialho