Manuel da Fonseca nasceu em Santiago do Cacém, a 15 de outubro de 1911 e morreu em Lisboa, a 11 de março de 1993.
Ao longo da sua vida de escritor foi contista, romancista, poeta e cronista, com obra reconhecida sobretudo no contexto do neorrealismo, tendo sido uma das personalidades mais representativas desse movimento que dominou a cena literária portuguesa, nas décadas de 40 e 50 do século passado. Em função dessa ligação, a obra de Fonseca, adotando muitas vezes o Alentejo como cenário físico e socioeconómico, cultivou sentidos temáticos de vinculação neorrealista: a exploração da terra, os conflitos de classe, a conformação de figuras típicas do espaço alentejano, a revolta social e a sua repressão, etc.
Nos anos mais fecundos da sua produção literária e da sua intervenção cívica (foi membro do Partido Comunista Português), Manuel da Fonseca destacou-se pela colaboração em publicações direta ou indiretamente ligadas ao neorrealismo: Seara Nova, Vértice e O Diabo, entre outras. Para além disso, participou na série de poesia Novo Cancioneiro, com o volume Planície (1941); antes, em 1940, aparecera Rosa dos ventos.
No campo da escrita contística, Manuel da Fonseca publicou as recolhas Aldeia nova (1942), O fogo e as cinzas (1953), Um anjo no trapézio (1968) e Tempo de solidão (1973). Nelas evidenciam-se qualidades de contista admirável, pela criação de tipos e pela representação de vivências humanas com densidade psicológica e social, bem como, sobretudo nos dois primeiros títulos mencionados, pela captação das tensões e das repressões que atravessam o Alentejo. Como romancista, é autor de Cerromaior (1943) e Seara de vento (1958), dois dos títulos mais relevantes do neorrealismo, mas não incontroversos: o primeiro causou algum desconforto, no interior do movimento, pelo tratamento psicológico de um protagonista que parece escapar ao paradigma neorrealista.
Personagens no Dicionário:
Amanda Carrusca (Seara de Vento)
Palma (Seara de Vento)
