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P > PACHECO, Fernando Assis

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Fernando Assis Pacheco - (1937-1995)

Fernando Assis Pacheco nasceu em Coimbra, a 1 de fevereiro de 1937, e morreu em Lisboa, a 30 de novembro de 1995. Na Universidade de Coimbra licenciou-se em Filologia Germânica, em 1961, tendo participado intensamente na vida cultural (teatro universitário e jornalismo estudantil) e na boémia coimbrã da segunda metade dos anos 50. Assis Pacheco pertence à geração de escritores que conheceram a experiência da guerra colonial, no caso, em Angola, para onde partiu em 1961, experiência essa que se projetou sobre a sua atitude de cidadão e, em parte, sobre a sua obra literária.

Sendo embora conhecido do grande público antes de mais como jornalista, Fernando Assis Pacheco começou a sua vida literária relativamente cedo, na coleção Cancioneiro Vértice, com a pequena recolha de poemas Cuidar dos Vivos (1963). Colaborou com a revista Vértice, quando se vivia ainda o tempo de uma poesia neorrealista já tardia. Depois disso e do seu regresso de Angola, consagrou-se ao jornalismo, com especial destaque na sequência da Revolução de 25 de abril de 1974. Episodicamente, dedicou-se também à tradução (obras de Pablo Neruda e de Gabriel García Márquez, respetivamente: Antologia Breve e 20 de Poemas de Amor e uma Canção Desesperada; Crónica de uma Morte Anunciada).

A integração de Assis Pacheco no veio de produção literária que tematizou a guerra colonial aproxima-o, em registo próprio e desde a recolha poética de estreia, de escritores como Manuel Alegre, Mário de Carvalho, António Lobo Antunes ou Álvaro Guerra. Em Câu Kiên: Um Resumo (1972), a poesia motivada pela problemática da guerra é alegoricamente elaborada numa “metamorfose” vietnamita; mais tarde, já em tempo de liberdade de expressão, uma segunda versão daquela obra recebeu o título Catalabanza, Quilolo e Volta (1976). Em Walt ou o Frio e o Quente (1978, designado como “noveleta”) o autor dá largas a um estilo muito vivo, de tonalidade satírica e de novo com incidência no imaginário da guerra e das suas figuras. Por sua vez, no romance Trabalhos e Paixões de Benito Prada emerge o universo da Galiza e a vida árdua da sua gente, com direta associação à questão da emigração; o protagonista que dá título ao livro é “galego da província de Ourense que veio a Portugal ganhar a vida”, num trajeto aventuroso de autorrealização pessoal e social.

Outros títulos da autoria de Fernando Assis Pacheco: Memória do Contencioso e Outros Poemas (1980), Variações em Sousa (1987), A Musa Irregular (1991, reunião da produção poética) e os póstumos Retratos Falados (2001; recolha de entrevistas), Respiração Assistida (2003; poesia), Memórias de um Craque (2005; crónicas), Bronco Angel, o Cow-boy Analfabeto (2015), Tenho Cinco Minutos Para Contar Uma História (2017). Como jornalista, trabalhou (entre outros) no Diário de Lisboa, República, Jornal de Letras, Artes e Ideias, Se7e e O Jornal.

 

Personagens no Dicionário:

Benito Prada (Trabalhos e Paixões de Benito Prada)