Autora: Ofélia Paiva Monteiro
Artigo publicado In: Reis, Carlos (coord.), Revista de Estudos Literários, n.º 4, Centro de Literatura Portuguesa, 2014: 15-42.
Resumo: Este estudo baseia-se na versão de A Ilustre Casa de Ramires publicada em 1900, muito diversa da surgida (incompleta) na Revista Moderna em 1897-1899. Verdadeiro “romance de personagem”, permeado de ironia, nele se entrelaçam, numa urdidura em polifacetado contraponto, os dois vetores que orientam o atuar e o fluir íntimo do protagonista, dando-lhe vulto fi ccional: ambos documentam, através do que Gonçalo faz, diz e pensa a procura de riqueza, prestígio e poder por esse fidalgo rural, oriundo de uma antiquíssima linhagem de façanhudos Ramires. Não obstante, veremos que Gonçalo é uma figuração da fragilidade e pluralidade humanas. Nenhum juízo, emitido por um narrador com “autoridade”, termina o romance, que nos deixa tão-só sobre opiniões que outros emitem sobre o fidalgo. Cabe ao leitor preencher estas (e outras) ambiguidades de um romance que apresenta, na obra de Eça (mesmo do “último Eça”),muitos traços específicos.
Palavras-chave: Eça de Queirós, Gonçalo Ramires, figuração.
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